Professor titular do Instituto de Economia da Unicamp, Fernando Nogueira da Costa dedica suas pesquisas mais recentes ao papel e impacto dos bancos públicos na economia brasileira. Em 2017, publicou Bancos Públicos do Brasil, um amplo estudo sobre o setor bancário, e neste ano, em março, lançou um texto de discussão sobre o papel do sistema financeiro no Brasil.

Com base em dados recentes do Banco Central e de instituições financeiras, sua pesquisa indica que, enquanto os bancos privados sugam liquidez, os públicos irrigam, ou seja, emprestam mais do que captam. Os bancos públicos ainda são importantes para reduzir a concentração de financiamento.

CartaCapital: Os bancos públicos têm papel importante em reduzir desigualdades regionais em um país no qual grande parte do crédito está no Sudeste?

Fernando Nogueira da Costa: Eles são fundamentais principalmente porque, desde a década de 1990, com a privatização do sistema financeiro, o crédito passou a ter papel importante dos bancos privados, cuja aversão ao risco é maior. O Sudeste recebe 47% do crédito total. Minha pesquisa com mais de 10 mil dados do Banco Central, com o balanço de agências espalhadas pelo Brasil nas cinco regiões, aponta que os bancos públicos irrigam liquidez, enquanto os privados drenam.

A Caixa Econômica Federal tem pouco mais de 1,6 mil agências, apenas oito captam mais do que financiam. O Banco do Brasil atua com mais de 2,3 mil agências, apenas 65 estão nesta situação. Nos bancos privados, ocorre o inverso: menos de 20% das agências emprestam mais do que captam de seus clientes.

Ou seja, enquanto os maiores bancos privados nacionais e estrangeiros drenam recursos da maioria das cidades onde localizam suas agências, a Caixa e o Banco do Brasil em praticamente todas concedem mais empréstimos do que captam.

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