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A professora Simone Deos, do Instituto de Economia da Unicamp, foi uma das convidadas do programa Três Pontos , onde discutiu as complexas relações comerciais entre Estados Unidos e China, além de refletir sobre as dinâmicas geopolíticas contemporâneas. Em sua análise, a especialista destacou como as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump moldaram o cenário atual e revelaram os desafios enfrentados pelos EUA diante da ascensão chinesa.

De acordo com Simone, a decisão de Trump de aumentar as tarifas contra diversos países, incluindo aliados tradicionais, foi amplamente vista como impensada e improvisada, mas carregava um objetivo estratégico subjacente. “Mesmo com a retórica agressiva, os Estados Unidos enfrentam um dilema crescente em relação à sua posição no mercado global”, explicou. “A ascensão da China como potência econômica e tecnológica representa um desafio sem precedentes para a hegemonia americana.”

Embora a China tenha registrado um crescimento menor nas últimas décadas em comparação ao boom econômico anterior, o país continua sendo uma força significativa, superando economias ocidentais em setores-chave, como tecnologia e inovação. Para Simone, a disputa comercial entre as duas nações vai além dos interesses econômicos, refletindo uma luta geopolítica mais ampla. “A China está se consolidando não apenas como uma potência econômica, mas também como um ator estratégico global, tanto no mercado interno quanto no internacional”, afirmou.

A especialista destacou ainda que a postura adotada por Trump foi motivada por uma tentativa de recuperar a indústria americana, que perdeu competitividade ao longo dos anos, especialmente na produção de bens tecnológicos essenciais. No entanto, ela alertou para os riscos dessa estratégia. “O privilégio de ser a detentora da moeda de reserva mundial permite aos Estados Unidos manter déficits comerciais, mas isso também pode se tornar uma armadilha, como ficou evidente durante a pandemia”, ponderou.

Simone finalizou sua análise apontando que os EUA estão buscando reorganizar a geopolítica global, tentando estabelecer uma nova ordem internacional onde o equilíbrio de poder será redefinido. Enquanto isso, a China se prepara para esse confronto com um plano estratégico claro: reduzir sua dependência de mercados externos e fortalecer seu mercado interno.

“Esse embate entre as duas potências não é apenas uma guerra comercial; é uma batalha pela hegemonia global”, concluiu a professora. A disputa, segundo ela, terá implicações profundas para a economia mundial e para o futuro das relações internacionais.

 

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=_o-trns7W2c